26 de abril de 2015

faz favor | dá um passo | como quem | não quer nada | mas espera | calor | um pouco | faz favor | de graça | como quem quer | dar cuidado | ao outro | um agasalho | em espera | faz favor | só passar | como graça | de si | em cuidado | mas pelo outro | querer espera | favor | talvez um cabide? | faz dar | não tendo | agasalho ou calor | só | uma graça | cuidado consigo | em passo | faz favor | dá graça | como quem passa | de cuidado | sem espera | ao calor | do outro | por pouco | fazer | talvez calor | dar por fim | a espera | em agasalho | sem cabide

22 de abril de 2015

o tio eric se escondeu atrás da pilastra para me dar um susto. o tio eric fez cosquinhas na minha barriga e depois me abraçou. o tio eric pediu notícias minhas, perguntou como andam as coisas. o tio eric disse que eu podia ir para a casa dele jogar videogame com os meninos. o tio eric disse que gostava muito de mim e que estava com saudades. o tio eric ficou muito feliz em ter me visto, havia tanto tempo. o tio eric pediu licença para me dar um beijo na testa. e aí, aí o tio eric me deu um beijo na testa.

16 de abril de 2015

lembro de quando estávamos sentados na areia, com a esperança de encontrar algo entre meus olhos e o mar, pensei no descanso que era estarmos ali, tão desobrigados dos compromissos comuns. você já havia terminado seu dia, eu já havia terminado meu dia, tínhamos acabado de comer qualquer coisa. naquele fim de tarde, ficamos em presença um do outro, como já havíamos ficado a testemunhar desde sempre luz bonita de sol caindo. sem palavras. uma missa acontecia perto, missa cantada que cantava melancolias aos movimentos das ondas. forcei uma compreensão para aquele descanso. você sorriu para o meu rosto de criança pensando. avaliando em certo tom de azul na praia de mutismo o que estávamos fazendo, concluí desistindo que era vida, então. ali, sentados na areia, encontrei algo para preencher esse acontecimento entre meus olhos e o mar: estava vivendo: vivendo vida, desde sempre.

8 de abril de 2015

antena de prédio

siso do urubu:
ser tão vazio; em vão
pássaro profundo.