17 de dezembro de 2012

(ler em aristóteles que só é feliz aquele que se reconhece feliz. ler em epicuro que quando te angustias com as tuas angústias, te esqueces da natureza: a ti mesmo te impões infinitos desejos e temores. ler em freud que a pessoa feliz não fantasia, somente a insatisfeita. ler em lacan que o desejo é falta. ler em mallarmé, acompanhado de haroldo, que eu triunfava em meio à falta ideal de rosas ou à guisa de triunfo a ausência ideal de rosas ou eu me dava em triunfo a falta ideal de rosas. meu aprendizado em um descanso que tive embaixo de uma árvore, como um fauno esgotado de se manter ideal: até na mais árida solidão, doura água dura; até na mais molhada companhia, enrijece-se o perdão retraído pela razão.)

8 de dezembro de 2012

Un.heimliche

o cheiro de toalha nova, a letra do professor de ética, os pensamentos em crise, as conversas com os parentes distantes, o olhar da conhecida, os desejos sem objeto, o corpo recém-acordado, os textos antigos da adolescência, o gosto de cerveja, a pregnância dos livros da biblioteca, o susto das horas recém-olhadas, a hiância de qualquer beijo descompromissado, os bolos que não dão certo, os rostos nos ônibus, os cigarros nos dias de vento, o dia em que rezei: nada retorna como já me tinha partido.