12 de agosto de 2020

homenagem

comecemos daqui postos
o tributo ao que não se vê
duremos até que a comunhão se faça
e desponte nos rostos o horizonte
ainda nossos e quentes
movamo-nos a esta estela
que fixa o ausente refletindo
o mundo avesso dos céus
e não cintila contra o fogo
nos recolhamos mais
ainda guardados e devagar
à compreensão do pranto
umedeçamos a terra com
licores elixires águas perfumadas
pousemos o colhido da terra
de volta aos pés da terra
abramos bem os olhos para
obter das sombras o lampejo
tatear do mistério a resposta
vir à luz outra luz
afirmemos os votos
à soberania da memória
não escapa o mal
lembremos daqueles
que tiveram suas cabeças
vestidas com o véu
da noite e seus corpos
resfriados à pedra
pelos ventos mínimos
sorvidos de volta
iniciemos agora
o culto ao silêncio: