10 de novembro de 2015

noite de ressaca

estrelas em jogos
de dormir. brilho sem cor
quando o mar sobe.

2 de novembro de 2015

cheio de si objeto
george michael
maconha cocaína crack sexo
passa a vida
a errar entre
prisões banheirões
apaixonado pelo consumo desapegado
pronto de tanto poder
se largar
aos prazeres e devaneios
de dias molhados em corpos molhados
às pressas olhos vermelhos
boca seca dedos queimados
latinha furada fósforo
pedindo amor ou seio da mãe

tão bonito sem rumo
george michael sorri
aos sons e gestos familiares
mãos lentamente ensaboadas
intenções afirmadas pelo reflexo
portas cerradas trincos movidos
zíperes deliciosamente abertos
espantoso espanto
george michael distraído
como quem espera algum sossego
interromper esses "vícios"
pela lei de um policial
disfarçado de possibilidade
que arma mais dotada
tiro ao alvo certeiro do cu

iluminado e midiático
george michael canta
sexualidade espetacular
exagera sua natureza
pensador 24 horas por dia
de seu próprio pau
chama pelos helicópteros
pelos repórteres pelas vedetes
pelos boys muitos boys
cruza homens e mulheres
faz música para compensar a vergonha
as fantasias todas nossas
mais profundas que os pedidos
(quem nos dera essa liberdade)
fundidos num órgão só

livre porém subordinado
george michael se entristece
pela escolha impiedosa de ser homem
há sempre um escape de prontidão
seda espelho cachimbo camisinha corpo
e se questiona sobre as regras do jogo
dos prazeres rápidos
qual a finalidade a emoção
de descer aos chãos úmidos do desejo
em busca de uma descarga particular
fazer gemer o som profundo
até regressar como mensageiro
de uma experiência com os limites
e dizer sincero e orgulhoso
"eu sou isso"