9 de maio de 2025

às pressas por me prensar entre os minutos ou por qualquer atraso inventado, sem a calma que asseguraria a atenção e a prudência em ir pedalando, às pressas como se contra a noite e pouco amparado pelas luzinhas da bicicleta, com o acúmulo do dia se esvaziando por meio das pernas e do uivo do vento aos ouvidos, às pressas diante dos carros que envelopam o corpo, tão maiores e vorazes, enquanto esta matéria frágil quase ignora a si mesma para fazer movimento, às pressas descendo a rua sem saída da garagem da viação da cidade, ao lado um descampado de mato alto e terra revolvida, às pressas guinchos de corujas e estrídulos de grilos, a beleza sinistra da vista da cidade logo após a hora de maria, chão e ar tremendo pelo motor do trem às pressas vindo, vindo, vindo, às pressas outro tempo se impõe: espero desmontado e à beira – medo e hipnose pela máquina – passar – sentir sem olhar de frente: vagões se deslocando: buzinas alongadas – freios estridentes – assobios explosivos: quantos? – e sigo.