13 de setembro de 2012

(nunca quis ir ao xou da xuxa. queria pequeno: ter a televisão no tempo certo me bastava enquanto era seduzido pela rainha em justa roupa, justa conduta?, lindíssima, aquele azul do olho que se dizia inocente, enquanto as pernas permaneciam desnudadas. minha xuxa. na minha televisão. não fui baixinho, nunca tive o tamanho próximo daqueles outros que ficavam lá, crianças, todos contidos na platéia, olhando – mas olhavam de perto. mas xuxa, caridosa, me aceitava mesmo assim, estava eu lá no "todos" do "nosso mundinho", quando "todos" era só "eu e xuxa". televisão alguma iria conseguir reproduzir minha imaginação: era amado. escutava meu nome saindo de sua boca, que hálito, palavra: vem, vamos dar um passeio na minha nave, senta no meu colo, vou contar todas as histórias no seu ouvido, segredinho nosso, vem ser feliz comigo, vem. azar ou sorte, nunca fui chamado. tristeza, mas tambem milagre.)