21 de setembro de 2012

Escopo

vim todo além pele fazer companhia, vim sem tato para entender melhor o sinuoso de sua ordem, vim cheio de perguntas a serem feitas pelos outros curiosos que temeram sair de lá, pergunta deles que não sei aquém responder, eram tantos somados, apertados em tão pouca metáfora. da ordem, explano: sei pedir, por meio de nomes, um jeito, um certo tracejo a ser encoberto quando cessa a obra. motivo da vinda? o mesmo que me propus ao ir. um tracejo, um jeito certo por meio de nomes. mas canso chegado. tanto aperto por metáforas, tão percorrido esse chão metonímico. não me cabe muito além de reter a respiração - quem sabe no desespero o tato se ergue - e soprar meu nome nos olhos do verbo: advim, advim, ai de mim, sou advérbio.

13 de setembro de 2012

(nunca quis ir ao xou da xuxa. queria pequeno: ter a televisão no tempo certo me bastava enquanto era seduzido pela rainha em justa roupa, justa conduta?, lindíssima, aquele azul do olho que se dizia inocente, enquanto as pernas permaneciam desnudadas. minha xuxa. na minha televisão. não fui baixinho, nunca tive o tamanho próximo daqueles outros que ficavam lá, crianças, todos contidos na platéia, olhando – mas olhavam de perto. mas xuxa, caridosa, me aceitava mesmo assim, estava eu lá no "todos" do "nosso mundinho", quando "todos" era só "eu e xuxa". televisão alguma iria conseguir reproduzir minha imaginação: era amado. escutava meu nome saindo de sua boca, que hálito, palavra: vem, vamos dar um passeio na minha nave, senta no meu colo, vou contar todas as histórias no seu ouvido, segredinho nosso, vem ser feliz comigo, vem. azar ou sorte, nunca fui chamado. tristeza, mas tambem milagre.)