27 de julho de 2015

(nos fins de tarde, a banda municipal ensaiava. era programação se sentar à varanda e escutar. com pouca ou nenhuma companhia, no alpendre, meus avós. quem estivesse ali de passagem pela calçada ou em visita, aproveitava a cena, chorava algumas memórias insuperáveis ou apenas conversava qualquer bobagem. boas-noites eram distribuídos. ali, quem fumasse, fumava, quem bebesse, bebia. quem calasse, calava. terminado e apreciado o ensaio da banda, eram recolhidos os restos de gente e palavra. e a vida, quando ainda era vida, continuava morosa, amena, meio suspensa.)

22 de julho de 2015

paira no ar

distante da terra
o lago paranoá
sonhando, até.

11 de julho de 2015

entre o corredor e o quarto

parado, com um braço pendente e o outro servindo de máscara, rosto afundado na dobra do cotovelo, respiração modificada pela compressão do nariz ou por alguma irritação imponderada, visão ofuscada de nada a ver, ombros curvados de quem há muito se cansou do mundo, emoldurado por uma luz de sol quente que incide nas costas, ali, em repouso no vão, em vão, tu, antes de jogar este peso de corpo chamado à cama, esperando pelo convite a se perder nos giros do amor de um homem fóbico.