29 de maio de 2020

coada pela rede incide recortadamente a estrela
em feixes retangulares o retalho impossível
no chão um mosaico irregular e temporário
se desenha pelo tapete outro tapete
iluminados nos banhamos como quem se cobre
dos destinos do mundo natural – apenas existimos
e os gatos olham e piscam sem suspeitar

(à noite incandescem as luzes domésticas
rente às janelas o tempo passa à deriva
os sóis descem à paisagem dos apartamentos
perguntamos acima e desde antes apartados
pelo nosso insistente erro ou engano humanos –
no frágil pano cósmico se trama nenhum desígnio
longe responde certeiro um sorriso prateado de foice)