16 de fevereiro de 2013

ele houve, mas faz tanta força pra falar, imagina para ouvir, o que ouve não é lá escuta, é mais direto, mais duro: ele escuta os dentes da palavra se baterem, falo que meu desejo é pedra dura, entende que há desejo, que há pedra, que há dureza, que há o meu, seria nosso?, cadê a letra?, me pergunto, só desfigurou de longe para configurar a coisa bem de perto, é psicótico, pensei, mas ele houve, se digo que vou falar no meu gosto e tropeço dizendo que vou falar do meu gozo, eu rio nervoso, ele sorri de volta, ingênuo, nada aconteceu, prossigo tentando mostrar que há letra, olha só, ela faz assim, dança com a lei, faz charme e fura, mamãe olhou para outro lado, cê não viu, papai olhou com cara feia, cê não viu, e aí não se aguenta de exaustão, muita força pra pouca palavra, bem diz: "não soube antes, mas foi o melhor pra mim". é. não dura o desejo nosso.