9 de julho de 2013

chega o estrangeiro vestido de formas estranhas vestido de cores estranhas vestido de gestos estranhos prometendo recreios visões e ultrapassagens que nunca vivi garantindo diferença ou minha inteireza de volta topei fomos

ao parque de diversões que tocava eurodance dos anos noventa na montanha russa dominação submissão no trem fantasma tristeza plástica alegria mais plástica ainda no navio pirata êxtase desespero gritos calma rubor na barraquinha milho cozido e uma manteiga que nunca tinha provado e que é muito saborosa

ao cinema de rua antigo assistir a um filme cinza que falava sobre metafísica e verdade e outros mitos (confesso que cochilei) os comentários do estrangeiro eram melhores do que o filme ele perguntando sempre se eu estava acompanhando respondia estou acompanhando e entendendo? estou estou mas e deus aparece em qual cena e ele desconversava ria perguntava se eu tinha gostado de suas formas cores gestos e não entendia e escolhia ficar calado

à estação de trem ver as pessoas que se moviam sem saber se íam ou se partiam e ele sorria todo grato dizendo somos estrangeiros na própria casa e eu concordava somos todos de casa na própria estranheza e ele me beijava a boca na mora da angústia dizendo que iria embora mas que voltaria e eu via ele se indo mesmo sabendo que chegava deixando o choro por minha conta na promessa do próximo encontro em que íamos ao mar.