30 de julho de 2013

vem o estrangeiro todo antiquado arrastando uma língua que só era dita em tu vós me convocando a dizer eu nós mas que não me parecia reta resolvemos ter três encontros na tentativa de tornar próprio o parecer de cada então

existência foi dizer que o eu não era mentira tão assim desgraçada de verdade que muito pelo contrário era necessidade mais íntima pra aparecer um pouco de sujeito com imagem especular e eu debochei do especular espelho especular negócio mas prosseguiu firme na sua postura dizendo que o sujeito então imagem era conhecedor de territórios e continentes e pessoas e nações se reflexo de si não sei

palavra foi mostrar que o terceiro dito excluído de fato nunca o fora não por não ter sido convidado à festa lógica mas porque nunca esteve presente nas tábulas antigas sempre se firmando numa ausência e eu concordei dizendo que ética não implica em obediência mas sim crueldade sincera e assim chegamos num possível consenso unicamente para evidenciar que eutunósvós não faz comunicação e se ela existe é carente de alguém a mais

pensamento foi como previsto agressão ao me acusar então de ser estrangeiro também dentro do meu sotaque forçado e movido pela ofensa eu perguntei pelo rosto que lhe cabe se é tão infinito e tão externo à totalidade - e ele assim fez silêncio - e eu pedi desculpas pela luta e me rendi à anomia constatando que eu também não tinha casa além da suposta hospitalidade que esperava do outro ao me dar o seu nome secreto.