10 de setembro de 2013

quem roça o sentido sabe que não há sol nem terra nem campo nem pasto nem céu que caiba no desalento duma promessa de salvação que se enuncia falsamente nos encontros que fazem o horizonte entre sol-terra-campo-pasto-céu. quem roça o sentido sabe que não há pessoa nem trabalho nem letrismo certo para ajustar o gado ao gado sem normatizar as vicissitudes do espírito em conformidade com uma lei (no mato tudo é bicho apesar da natureza) mesmo com o passar dos dias a iludir a vida com esse deus temporal. quem roça o sentido sabe que as artes e o sujeito servem ao único propósito de foder com qualquer capacidade de abstração a respeito dos objetos: e aí é que nos perdemos todos numa luta entre o conceito e a história. quem roça o sentido sabe que só se pode ser gente sendo animal pensante mas sem muito decoro porque é preciso confortar a sapiência com uma apreensão do que quer que seja (e assim nasce a sabedoria mais sincera).