11 de fevereiro de 2014

estudo sobre sapatos femininos

a miscelânea luxuriosa de humores em nome de cortes, cores, texturas, alturas. a exposição pensada de um erotismo sucumbido à sacralidade de um altar vazio. o prazer do andar e o registro sonoro ao se aproximar de algum ambiente. o prenúncio da mulher. o cortejo com o enigma do mundo reduzido a um par. a tensão íntima entre as paredes do sapato e a pele. o sofrimento voluntário em nome do belo. a resignação aceita por um conforto ortopédico. o subseqüente alívio de desmascarar a fêmea. a humilhação secreta do confronto com um calçado mais fálico em uma disputa atestada de “quem falta mais”. a loucura da vaidade. a curvatura do pé como medida de feminilidade. o apelo das unhas vermelhas.