26 de junho de 2014

em dia de milagre, é preciso credo. sem sacolas, cabelos livres mas ordenados, olhos limpos, a rainha. firme e guiada, vestindo azul e manta branca, sapatos nos pés certos, purificada e sagrada virgem do mundo, segue tranquila pelos estacionamentos das comerciais. linda. dando a mão em bênção e cumprimento a todos que se aproximavam (rapidamente, numa tentativa ajustada e falha) de entrar no próprio carro e seguir sem tormenta, desavisados da normalidade dos fatos. no céu paira uma mensagem não anunciada por nenhum mensageiro: "vênia, mundo, que a Mãe passará". não é preciso preparo para a salvação, mas que susto: todos sabiam com mais força ou menos força que Alguém viria, contavam com o filho, com o pai, mas a Mãe?, ninguém foi informado. rainha de azul e branco se fez santa, pisando leve, sem história e determinada. ao existir, removeu a transparência das pessoas com fé, deu ao mundo o tom maior de incêndio e ordenação, caos particular e social, de suas religações totais do ordinário da vida com o mistério de seu sexo. ave!