1 de março de 2015

a pouca tolerância à mútua presença ainda nos levará à doença mais próxima do amor. não pelos constrangimentos do contato e pelas pequenas violências que são condição do convívio. não pelo desencontro que faz com que cada tentativa nossa de diálogo se abra em mal-entendidos da própria linguagem – nada mais enlouquecedor do que o apreço pela leitura dos sentidos implícitos. a doença mais próxima do amor é a constatação de que nós aprendemos nossos nomes tarde demais. daí por diante, é ressentimento, fábrica de nova ilusão em ter ainda crença, ainda que oscilante, em saber amar, sentir-se amar, para então ser verdadeiramente amado. não haverá descanso ou respeito à intimidade até que atravessemos novamente esta fome. esta fome criadora que nos fará, então, tu e eu.