3 de novembro de 2016

sin rumbo

quando você me vem todo machucado de tanto escutar dificuldades sem predições, sem considerar a minha impossibilidade de receber você em tais ânsias, sofro a violência do seu desamparo por me lembrar do meu; quando você me vem todo vulnerável diante da agitação do mundo, esperando companhia para suas idas ao chão do sentido em busca de algum sossego para este desconhecimento, faço esforço para me manter em pé, por fora, firme na idéia alvejada de que seus pedidos não são para mim; quando você me vem todo adoecido por falta de caminho, acusando que nossa solidão fez de um hábito alguma religião, sem promessa de grandes dogmas ou mudanças, quase resisto, reconheço que sigo sob feitiços e que nada posso contra a doçura feminina que coleto na sua voz.