6 de maio de 2014

terrível inseto alucinado que me pousa e me coça por meio da etiqueta mal cortada de minha camiseta, terrível inseto alucinado que me escolhe como obstáculo irrefutável de seus caminhos imaginários, faça de mim presa e predador, apesar de minha brusca resposta em busca de seu corpo: que seja a mais exuberante das baratas aladas, o mais monstruoso dos besouros, a mais asquerosa das moscas de esgoto, o mais alvoroçado dos maribondos, a mais tormentosa das mariposas escuras, o mais gordo dos pernilongos, a mais louca das libélulas, mas, pelo conforto dos costumes e ajustes normais à realidade, que seja concreto, firme, tátil, real, à altura e ao alcance de meu susto e constrangimento.