10 de outubro de 2014

quando ratos, morcegos, aranhas, cobras, baratas, mariposas, besouros, moscas, formigas, escorpiões, traças, pulgas e carrapatos fazem parte do trânsito entre o psiquismo e o ambiente, nada se teme aos níveis do asco.  qualquer comoção vira aprendizagem, como quem por muito tempo em solidão se afasta do mundo e pelas vias de um resgate erótico se insere novamente ao convívio. a novidade é qualquer coisa, satélite orbitando no eixo dos absurdos da vida comum. até o vazio das relações ganha contornos diferentes. ao se habituar aos bichos, o que mais aterroriza é a possibilidade de deixá-los independentes, sem a domesticação dos dias exaustivos de higiene mental. a miséria comum está sentada, contando moedas que serão ou oferecidas a um deus já apagado, ou gastas em uma ilusão necessária à continuidade.